Igrejas do Serro: Tendas de Deus e da Liberdade


O Serro tem sido uma comunidade
marcadamente cristã, desde a
chegada dos primeiros luso-
-brasileiros. Suas igrejas guardam
a história desta fé e muito da arte
produzida na cidade, durante o
período colonial.


Visitações: ver horários ao final da página.


- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição (Planeta Serro, face, 2012)
Tombada pelo IPHAN, é uma das maiores igrejas barrocas do estado, possuindo as torres em madeira mais altas do colonial mineiro. “Saint-Hilaire a descreveu como uma das mais belas e grandes que ele vira em toda a Província de Minas”. Foi neste templo que o maestro Lobo de Mesquita ensaiou seus primeiros acordes musicais. Tem três particularidades, que são uma constante no Vale do Jequitinhonha: os óculos de formatos caprichosos, as torres com estrutura de madeira, destacadas em relação ao corpo da igreja, e a insinuação de paredes curvas nos anexos laterais da nave. Estes anexos funcionavam como sacristias, salas de reunião ou depósitos. O altar-mor apresenta excelente talha rococó, de autoria do entalhador Bartolomeu Pereira Diniz. Na sacristia, um belo móvel de jacarandá, com enormes gavetas e armários laterais. A pintura do forro da nave, uma Nossa Senhora cercada de nuvens, anjos e ornatos, datada de 1828, é atribuída a Manuel Antônio Fonseca, pintor de destaque na região. Pendendo do teto da capela-mor, um grandioso lustre. A fachada, restaurada em meados do século XIX, com a construção de alicerces em pedra, tem medidas gigantescas. A igreja é cercada por uma interessante paisagem urbana, composta de escadarias, uma majestosa muralha de pedras, ladeiras laterais e gramados sobre belas ondulações do terreno. O prédio original da Matriz era mais simples, inicialmente com cobertura de palha, dedicada a Santo Antônio. Há notícias de um prédio mais aprimorado, entre os anos de 1725 e 1737, no mesmo local. A construção hoje existente, templo da arte e da fé, é fruto da evolução deste edifício. Há notícias de ampliações em 1776, sendo terminada no tempo do Ouvidor Domingos Manuel Marques Soares. Continuou recebendo reformas durante o século XIX, sendo a mais importante datada de 1872 a 1877. O livro de despesas da Irmandade do Santíssimo registra também os pagamentos feitos ao mestre torneiro Joaquim Gonçalves de Aguiar, “por tornear as colunas para o retábulo”, aos entalhadores Bento André Pires e Francisco Pereira Diniz (Chico entalhador) e ao pintor e dourador Manuel Fernandes Leão. É sede da Irmandade do Santíssimo. As irmandades que não tinham igrejas próprias, como a do Rosário, mantinham, nesta matriz, altares dedicados aos seus santos protetores. Lá os fiéis serranos celebram anualmente, em dezembro, a festa da padroeira da cidade, N. Sra. da Conceição. Foi tombada pelo IPHAN em 22/07/1941.
Localização: Praça Presidente Vargas (antigo Largo do Pelourinho); visitações: (38) 3541-1221 / 3541-2754; veja no quadro de horários ao final da página.


- Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Igreja do Carmo
Templo construído pela Irmandade do Carmo, cujo estatuto completou 250 anos em 2018. As obras foram executadas de 1768 a 1781. Em 1780 se trabalhava na fachada, com a edificação das torres, ajustada com o mestre José da Silva Ribeiro. No frontispício, uma tarja esculpida em madeira policromada representa a figura de N. S. do Carmo entregando os escapulários a S. Simão Stock. Os altares são de estilo rococó, representativo dos fins do século XVIII. Destaque para a pintura do forro da capela-mor (Virgem do Carmo e S. Simão Stock). Segundo especialistas, o autor, desconhecido, teria usado partido semelhante ao de Manuel da Costa Ataíde, pois guarda afinidades com a pintura da matriz de Santo Antônio, em Santa Bárbara, executada pelo mestre. Alguns a atribuem a Silvestre de Almeida Lopes. A porta dianteira original da igreja teria sido vendida a um negociante de antiguidades, antes de 1941, indo parar, segundo alguns, em um cabaré de Paris. O naturalista francês Saint-Hilaire, em visita ao templo em princípios do séc. XIX, achou-o “lindo e bem arejado”, e com uma ornamentação superior à de muitas igrejas da França. O terraço onde se assenta a igreja é sustentado por enormes muros de pedras, hoje cobertos por uma linda vegetação, e o acesso principal se dá pela escadaria fronteiriça, em forma de cálice. Foi tombada pelo IPHAN em 24/11/1949. Juntamente com a Praça João Pinheiro (antigo Largo da Cavalhada), a Igreja de Santa Rita, belas casas e jardins, forma o conjunto arquitetônico mais expressivo da cidade. 
Localização: Praça João Pinheiro; tel: (38) 3541-1272 / 3541-2754; visitações: veja no quadro de horários ao final da página.


- Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos

Igreja de Matozinhos
Apesar da data no medalhão da pintura do Forro (1797), já em 1760 há alusões à Igreja do Matozinhos do Serro. É um dos mais belos templos da cidade, com fachada em estilo de chalé, óculo envidraçado na parede frontal e quatro sacadas de balaústre de madeira. No interior, a decoração é harmoniosa e elegante, com talhas e pinturas bem ao estilo rococó da segunda fase do barroco. As pinturas são atribuídas a Silvestre de Almeida Lopes, um dos mais talentosos pintores brasileiros e o artista mais importante do Serro, na segunda metade do século XVIII, tendo deixado belas obras também em Diamantina. Destaque para o forro, pano de fundo do altar-mor e painéis laterais da capela-mor que trazem os quatro evangelistas. A pintura do forro representa a cena de achamento da lendária imagem do Bom Jesus, na praia de Matozinhos, em Portugal, mas é também um protesto político liberal. Afonso Arinos, em visita ao local com o primo Rodrigo de Melo Franco (primeiro presidente do IPHAN), chamou-a de "pintura-panfleto, na qual vemos duas figuras sans culottes da revolução francesa, despregando o Cristo da cruz, enquanto acovardados conformistas se escondem no mato". Uma das pinturas murais - a Adoração dos Pastores - é baseada em estampa de um antigo missal da Antuérpia, de 1744. O artista, entretanto, não se entregou apenas à cópia, imprimindo um gosto pessoal e orientação própria. Nesta Igreja funcionou a antiga Irmandade do Divino Espírito Santo e depois a Irmandade das Mercês e São Benedito. Tombada pelo IPHAN, em 14/01/1944, é nela que se celebra anualmente a Festa do Divino, manifestação religiosa tradicional da cidade. 
Localização: Praça Cristiano Ottoni; tel: (38) 3541-1440 / 3541-2754; visitações: veja no quadro de horários ao final da página.


- Igreja de Santa Rita
(Mirante da cidade)

 Igreja de Santa Rita (Eliene Resende, face, 2015)
É o maior símbolo do Serro, localizado no alto da cidade, com fachada poligonal de interessante composição, uma única torre central e um grande relógio, tradicional referência das horas para os moradores. Uma das mais antigas igrejas da localidade, construída no início do século XVIII, em 1745 já se fazia referência a campanhas para sua ornamentação. O sino é datado de 1739. Internamente, tem interessantes recursos decorativos, como as falsas tribunas da nave (fazendo supor um segundo andar), paredes revestidas de bela pintura de marmorizados e motivos florais, além de talhas de boa qualidade. Destaca-se o altar de São Sebastião, confeccionado por ordem do alferes Ângelo Martins de Siqueira, pai da lendária Ana D'África. O acesso, para quem vai do centro da cidade, se dá por uma bela e longa escadaria de pedras, com 57 largos degraus (curiosamente conhecida como “escadinha”), que proporciona uma das paisagens coloniais mais bonitas e originais de Minas Gerais. Do alto da escadaria, ao redor da igreja, um lindo mirante com vista das montanhas, do Pico do Itambé e da cidade, com suas ruas, casarões e outras igrejas. Ali se celebra, em janeiro, a festa de São Sebastião, o santo protetor do homem do campo. É tombada pelo município. Está também incluída no acervo arquitetônico e paisagístico da cidade, tombado em conjunto pelo IPHAN.
Localização: Praça João Pinheiro; tel: (38) 3541-1221 / 3541-2754; visitações: veja no quadro de horários ao final da página.


- Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Igreja do Rosário (Sidney Dutra, face)
A construção é da primeira metade do século XVIII, concluída em 1758, pela Irmandade do Rosário da Vila do Príncipe, em atividade desde 1728. Está edificada na região onde, nos primórdios da Vila do Príncipe, existiu uma Capela de N. Sra. da Abadia. No exterior, possui telhadinho em chalé, óculo envidraçado, duas sacadas com balaústre de madeira e uma porta larga, com belas almofadas e ornatos esculpidos. Tem pinturas e douramentos de Anacleto Gomes Pereira e Liberato Fernandes Leão. Anexo à igreja existe um cemitério destinado aos membros da Irmandade. A igreja sedia a Festa do Rosário, a maior manifestação de fé e folclore da cidade, promovida anualmente pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, no primeiro fim-de-semana de julho. O seu antigo sino foi encontrado na Igreja da Concórdia, em Belo Horizonte, onde permaneceu por mais de 50 anos, e foi festivamente reconduzido ao Serro. Em 2011, foi devolvido definitivamente ao templo, com a construção de um campanário lateral. Não é amparada por medida direta de tombamento, mas está compreendida no acervo arquitetônico e paisagístico da cidade, tombado em conjunto. 
Localização: Praça do Rosário; tel: ( 38 ) 3541-1221 / 3541-2754; visitações: veja no quadro de horários ao final da página.


- Capela de São Miguel
(Cemitério)

Capela de São Miguel (Adenilde Carvalhaes, face, 2013)
Trata-se de construção em estilo neo-gótico, com uma só torre, edificada no início do século XX, para suceder o velho hábito de sepultamentos no interior das igrejas. Merecem destaque o altar esculpido em pedras, as longas muralhas que cercam o cemitério, as carneiras e vários jazigos, que guardam os sagrados restos mortais e uma grande parte da história do Serro. A construção se deu por iniciativa do então Padre “Nondas” (Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, depois Bispo de Taubaté/SP). Segundo a tradição oral, os muros foram erguidos em mutirão, com a própria população levando as pedras em solene procissão até o local, no ponto mais alto da cidade. Antigamente o lugar era chamado de “Morro da Forca”, pois acredita-se que ali se executavam as sentenças de morte. 
Localização: Alto do Cemitério. Visitações: (38) 3541-2754.


- Capela de Santa Tereza
(Antiga Casa de Fundição)

Capela de Santa Tereza (PMS, 2014)
A capela de Santa Tereza (fins do séc. XIX) compõe um conjunto, ao lado da Santa Casa, onde no passado funcionou a sede do Senado da Câmara (até 1751), a Real Casa da Fundição (até 1832) e a residência dos Ouvidores. Ali era fundido todo o ouro da região norte-nordeste de Minas, durante o Brasil colônia, e separada a parte dos impostos (um quinto) da coroa portuguesa. A construção da Capela, cuja torre é esculpida em um maciço único de pedra sabão, foi coordenada pelo Monsenhor João Moreira. Juntamente com a Capela de São Miguel tratam-se dos únicos exemplares de templos em estilo neo-gótico da cidade. São contemporâneas da atual Igreja do Caraça, também construída no mesmo estilo, e foram edificadas no apagar das luzes do século XIX, pelo mesmo construtor português, Luiz Antônio de Figueiredo. As duas capelas contrastam com o estilo colonial serrano e, justamente por este motivo, destacam-se em relação ao conjunto da cidade. 
Localização: Largo da Santa Casa. Visitações: ver no hospital ou (38) 3541-2754.


- Capelinha de Santo Antônio do Pasto do Padilha
(Capela do Menino Antônio)

Capelinha de Santo Antônio (Tiago Geisler, face, 2014) 
Construída em estilo colonial, a capelinha possui uma torre, duas sacadas, quatro janelas laterais, altar rústico e simples. O local, na periferia da cidade, é bucólico, bonito e lendário. A origem do templo e a denominação popular “Capela do Menino Antônio” são devidas ao assassinato de um rapazinho de nome Antônio, por engano, neste local. Foi inaugurada em 03/05/1883. O sino foi doado por José Maria Batista e batizado com o nome de “Barnabé”. Lá são comumente celebrados os festejos de Santo Antônio, durante o mês de junho. 
Localização: No Pasto do Padilha, na saída do Serro, em direção à cidade de Guanhães (BR-259). Visitações: (38) 3541-2754



IGREJAS DOS DISTRITOS E POVOADOS

- Capela de N. S. das Dores
(Mato Grosso)
Capelinha de N. Sra. das Dores (Henri Yu, face, 2013)
Situa-se no alto de uma bela serra e é conhecida popularmente como “Capelinha do Mato Grosso”. “Em posição de eminência, sobre escarpado morro de pedra, domina uma ampla paisagem, deixando ver, desde longa distância em torno, a silhueta de suas duas torres”. Aparenta antiguidade, sediando a famosa e concorrida festa anual do Jubileu de N. Sra. das Dores, realizada sempre do 2.º ao 3.º domingos do mês de julho. Os romeiros se deslocam então para o lugar e ocupam as dezenas de casinhas construídas nas proximidades da capela, exclusivamente para os dias da festa, ficando fechadas o restante do ano.
Adriano Reis Ramos nos brinda com esta bela passagem, quando escreve sobre os pequenos grandes Santuários de Minas, entre os quais destaca o de Mato Grosso: “Situado à beira de um penhasco, esse conjunto sacro, composto de uma igreja e várias casas de romeiros... onde, há mais de um século, já se encontrava instalado um cruzeiro para as romarias... se trata de manifestação oriunda do período barroco, resgatada e mantida pela religiosidade da população que habita o pequeno distrito ao pé da serra”.
“Todos esses conjuntos, objetos de peregrinações, romarias e jubileus, têm por peculiaridade a transmissão, a quem os utiliza, do sentimento de reflexão, do alcance da paz interna, da sintonia com o universo e outros desejos espirituais. Mas o que nos chama a atenção, no momento, é a persistência dessas populações, no que concerne à manutenção desses sítios”.
Sem maiores critérios estilísticos, mas impregnados de amor no ato de preservar o que é objeto de sua fé, essas comunidades resgatam seus templos, em toda sua plenitude e esplendor”. 
Localização: Distrito de Deputado Augusto Clementino (Mato Grosso), a 17 Km da cidade, pela estrada Serro/Conceição do Mato Dentro (MG-10).


- Capela de São Sebastião
(Mato Grosso)
Capela de São Sebastião
A capela compõe, junto com as casas do local, um belo conjunto, típico dos pequenos distritos mineiros, mesmo com as pinturas barrocas tendo se descaracterizado ao longo do tempo. Com uma única torre central, lá são realizadas as festas do Padroeiro, em janeiro, e a de N. S. do Rosário, em setembro. 
Localização: Distrito de Deputado Augusto Clementino (Mato Grosso), a 15 Km da cidade, pela estrada Serro - Serra do Cipó (MG-10).


- Igreja de N. Sra. dos Prazeres
(Milho Verde)
Igreja de N. Sra. dos Prazeres
A edificação, do século XVIII, é estruturada em adobe e madeira, sendo composta de nave, capela-mor e duas sacristias laterais. Nela foi batizada Chica da Silva, entre os anos de 1731 e 1734. Foi elevada a sede de paróquia em 1857. A ausência de torres é compensada por curioso sistema de sineira externa, anexa à fachada lateral. O interior, assim como as linhas gerais do templo, conserva quase intactas as características da época da construção. Possui um conjunto de três retábulos e talhas de boa qualidade. 
Localização: Distrito de Milho Verde, a 24 Km da cidade.


- Capela de N. S. do Rosário
(Milho Verde)
Capela de N. Sra. do Rosário (Instituto Milho Verde)
Erigida no curso do século XIX, é estruturada em barro e madeira, constituindo-se de um só compartimento e de uma graciosa fachada, com uma torre única central. Está inserida numa magnífica paisagem, atualmente divulgada pela grande mídia como um dos símbolos de Minas. No topo de uma colina totalmente gramada, possui ampla vista para o vale e as serras que cercam o Pico do Itambé. Nela é celebrada a Festa do Rosário (fim de setembro).
Localização: Distrito de Milho Verde, a 24 Km da cidade.


- Capela de São Geraldo
(Três Barras da Estrada Real)
Capela de São Geraldo (Alan Alencar, face, 2014)
Em estilo barroco, a Capela é composta por torre única central, nave, capela-mor e duas sacristias laterais. Situa-se nas encostas de uma bela serra, que compõe um dos mais agradáveis panoramas naturais do Serro. Nela ocorre a Festa do Rosário, em julho.
Localização: Distrito de Três Barras, a 14 Km da cidade, na estrada que liga o Serro ao Distrito de Milho Verde.


- Igreja Matriz de São Gonçalo
(São Gonçado do Rio das Pedras)
Igreja de São Gonçalo (Cleide Greco, face, Serro/MG, 2014)
É o mais significativo exemplar, entre as igrejas dos distritos do Serro. Foi elevada a sede de paróquia pela Lei Provincial de 1408, de 07/12/1867. A construção é do último quartel do século XVIII, sendo constituída de nave, capela-mor, sacristias laterais e duas torres. No interior, um conjunto de três retábulos e altar-mor com delicada policromia e motivos florais. A pintura do forro é datada de 1787 e mereceu especial atenção do especialista Carlos Del Negro, por situar-se entre as fases do barroco e do rococó, o que equivale dizer, para a região, entre os estilos de José Soares de Araújo (Arraial do Tijuco) e Silvestre de Almeida Lopes (Vila do Príncipe). O trabalho apresenta a figura de S. Gonçalo, ladeado por anjos, florões e representações dos evangelistas. Nela se celebra a Festa de São Gonçalo, no início de janeiro.
Localização: distrito de S. Gonçalo, a 30 Km da cidade.


- Capela de N. S. do Rosário
(São Gonçalo do Rio das Pedras)
Capela de N. Sra. do Rosário (Soraya Lessa, face, 1998)
As suas linhas construtivas fazem supor tratar-se de edificação ainda do período colonial. A capela está bem inserida no conjunto urbano, tendo à frente árvores e um cruzeiro de madeira. É composta de nave, capela-mor, duas sacristias laterais e uma única torre central. O interior apresenta três retábulos, com talhas e motivos ornamentais. 
Localização: Distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, a 30 Km da cidade.

Capela de São Geraldo
(Capivari)
Capela de São Geraldo (Eduarda Dias Gontijo, face, 2013)
Localizada em uma bela colina frontal ao povoado, a edificação é estruturada em adobe e madeira, sendo composta de um só compartimento e de uma graciosa fachada com três sacadas. Sem a presença de torres, a capela possui uma interessante sineira externa, anexa à fachada lateral, semelhante à da igreja dos Prazeres, de Milho Verde. Lá é realizada anualmente a festa de São Geraldo. Localização: Povoado de Capivari, a 27 Km da cidade.



- BARROCO E ARQUITETURA
(em Minas e no Serro)

“A arte e a ciência não pertencem
à pátria, pois o sublime é universal 
e acessível a todos os contemporâneos,
para que o aprimorem à luz das
experiências do passado”.
(Goethe)


Minas Gerais, um estado de tradições seculares, tem no barroco a expressão maior de sua arte. Mas, até chegar a Minas e aqui assumir uma personalidade e um caráter únicos, o barroco andou um longo caminho.

A origem da palavra “barroco” tem versões diferentes. Uma das histórias a liga a uma pérola de contorno irregular. “No tempo das navegações, os portugueses descobriram na Índia um tipo especial de pérola que, ao invés dos perfeitos contornos esféricos, apresentava uma superfície cheia de irregularidades. Como era encontrada principalmente na cidade de Broakti - que os lusitanos pronunciavam Baroquia - surgiu, então, o adjetivo “barroco”, que passou a incorporar o idioma de Camões, qualificando tudo o que era extravagante e fora dos padrões vigentes. Da mesma forma foi designada a arte nascente que, chegando aos rincões da colônia pelas mãos dos jesuítas, floresceu com vigor admirável sob impulso da contra-reforma católica e do fervor religioso”.

Escultura em relevo, na igreja do Carmo (Foto: Marcel Gautherot, 1943, IPHAN)
A arte barroca é introduzida no Brasil primeiramente no nordeste (Salvador, Recife, Olinda, João Pessoa), pelos Jesuítas, em 1650. Em Minas, chegou pelas mãos dos bandeirantes, que já traziam imagens, conduzidas em oratórios portáteis de madeira, improvisados como altares, nas missas e orações. O esplendor do ouro e o difícil acesso reduziram a importação de obras de arte e fomentaram o surgimento de um barroco autônomo, mais tarde chamado de “barroco mineiro” (mais comum nas grandes áreas de garimpo) e “barroco rural mineiro” (em regiões que misturam à cultura do garimpo uma forte influência do ambiente agropecuário).

A Coroa proíbe a fixação de ordens religiosas em Minas. As irmandades terceiras, de leigos, ficam então encarregadas de sustentar o rito católico e de construir os templos, desobrigando o erário régio desse ônus. As irmandades primeiras, de padres e freiras, e as de ordem segunda, só de freiras, ficam excluídas. A “saudável disputa” entre as diversas irmandades acaba gerando esta infinidade de templos religiosos, cada um mais luxuoso e artisticamente decorado. No Serro, não foi diferente. Na mesma praça João Pinheiro, pode-se ver de um lado a igreja do Carmo e do outro a igreja de Santa Rita. Na parte baixa da cidade, de frente para a igreja Matriz, apenas a alguns metros, fica a bela igreja do Matozinhos e, logo ao lado, a capela neo-gótica de Santa Tereza.

O barroco mineiro costuma ser dividido em três fases, pelos estudiosos.

A primeira fase (ou estilo nacional português, aprox. 1700 a 1730), se caracteriza ainda pela influência da metrópole, as igrejas não apresentam ornamentação externa e contrastam com a riqueza do interior. As torres são normalmente cobertas de telhas.

A segunda fase (ou estilo D. João V, aprox. 1730 a 1760), tem o predomínio de ornamentos escultórios e enfeites ricos, em razão do apogeu da mineração. O material empregado passa da madeira e taipa para a alvenaria de pedra. Muitas das igrejas históricas mineiras são desta fase, com o exterior ganhando elementos ornamentais, principalmente em cantaria.

A terceira fase (ou estilo rococó, aprox. 1760 até fins do séc. XVIII), é o explendor dos enfeites e detalhes, desde a arquitetura externa, as paredes curvas, as portadas, a pedra sabão em várias tonalidades e os interiores ricamente trabalhados.

Pintura de Silvestre de Almeida Lopes, no forro da igreja de Matozinhos (1797)
A arquitetura religiosa do Serro, apesar de edificada durante os períodos da segunda e terceira fases do barroco, filiam-se ao partido tradicional das igrejas mineiras do início do século XVIII (primeira fase), mantendo-se fiel a estes padrões e a peculiaridades regionais. A simplicidade externa contrasta com a ênfase ornamental dos interiores, onde as talhas douradas e as pinturas “alcançam níveis de altíssima qualidade, que as colocam em posição de destaque com relação a produções similares do resto de Minas”, graças principalmente a um artista excepcional, Silvestre de Almeida Lopes, introdutor do rococó na região, identificado por Rodrigo Melo Franco de Andrade. Contrariamente à arquitetura, a decoração interna revela-se contemporânea dos modelos artísticos adotados em outras regiões da capitania, entre a segunda e a terceira fases do barroco mineiro (rococó).

Em geral, as construções foram obra de mais de uma geração, cada uma deixando para a outra a tarefa de ir embelezando e enriquecendo o acabamento interior, de acordo com os recursos das Irmandades. As gigantescas dimensões e o altar-mor da igreja Matriz, o formato singular da Santa Rita, as pinturas e talhas do Matozinhos e do Carmo, a força espiritual do Rosário e o variado acervo de igrejas nos distritos transformam o Serro num dos principais guardiões do patrimônio barroco de Minas.

Anjos barrocos, na igreja Matriz de N. Sra. da Conceição (Cláudio Ferreira, face, 2015)
Para Antônio de Paiva Moura, “o traço comum existente entre o conjunto arquitetônico do Serro e Diamantina reside na preferência pela madeira. Ao contrário da região do Quadrilátero Ferrífero, que preferiu a alvenaria, em Serro e em Diamantina os exteriores das igrejas e edifícios são espetáculos cromáticos. Isto porque a madeira exige aplicação de tintas”. Até mesmo as festas religiosas da região, como as do Rosário e do Divino, acompanham este colorido, com guarda-roupas à altura do conjunto arquitetônico. Um espetáculo de cores cintilantes.

O afluxo e a emergência de artistas, arquitetos, mestres-de-obra, pedreiros, fundidores de sinos e outros profissionais nos garimpos do Serro Frio possibilitaram o aparecimento deste rico conjunto, com realce para a arquitetura religiosa, mas não menos valioso repositório arquitetônico público e civil.


- Fonte: "GUIA DO SERRO"










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